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segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Impacto Humano: Um oceano de lixo

Este será a primeira de uma série de postagens especiais sobre grandes impactos que o Homem causou no planeta. Lembro a importância do tema para os Engenheiros Químicos, já que uma imensa parte dos impactos advêm de produtos industriais. Para inaugurar está série, o objeto de estudo foram os grandes conglomerados de lixo existentes no oceano, nos quais os resíduos flutuam e se concentram em algumas áreas específicas do oceano.

O lixo, principalmente plástico, advindo do consumo em massa da população mundial viaja pelo planeta e chega aos mares. Estima-se que aproximadamente 10% de toda a produção anual de plásticos chega nos oceanos, a maior parte (80% a 90%) é carregada pelas chuvas e rios de fontes em terra, como aterros sanitários e descarte direto em mananciais e no litoral.

Figura 1 - Impacto causado pelo lixo no oceano

Nos oceanos esse material encontra correntes marítimas que levam grande parte do lixo para alguns pontos específicos do planeta, conhecidos como giros. Nestes pontos uma grande massa de lixo flutua e se concentra devido ao circuito circular das correntes marinhas, como pode-se ver na Figura 2 coincidindo nos pontos de maior acúmulo de material.
Figura 2- Concentração de plástico nos Oceanos
O problema da contaminação das águas marinhas, não está apenas nos objetos plásticos maiores. Alguns materiais expostos as intempéries, podem ser degradados em pedaços muito pequenos de polímero, porém sem degradar sua molécula básica. Isto forma uma verdadeira "sopa" plástica na camada superficial do oceano, local onde o plâncton (microrganismo responsável por 50% da fotossíntese da Terra) absorve parte do material na sua alimentação, e começa a contaminação na cadeia alimentar. Os resíduos ali presentes, podem conter aditivos de plásticos, muitas vezes tóxicos, que são acumulados nos níveis tróficos, chegando até ao prato de comida que nos servimos em casa.

O assunto é bem sério e infelizmente é negligenciado, embora algumas agências ambientais e ONG's tenham tentado minimizar os efeitos altamente nocivos nos ecossistemas afetados. Porém, o rico ecossistema marinho, repleto de vida, torna a simples retirada do material plástico algo ariscado e um imenso desafio devido a presença de vida até níveis microscópicos, como é o caso do plâncton.

Não se sabe ao certo o tamanho e a quantidade de lixo nos oceanos. O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) estima que existam cerca de 600 milhões de toneladas de plásticos nos oceanos, sendo que este tipo de resíduo representa cerca de 70% de todos detritos encontrados no mar. Como dito no inicio desta postagem, boa parte do lixo advém da terra, sendo carregado por chuvas e rios. Isto mostra nossa parte da responsabilidade por este problema. O descarte correto de materiais plásticos, assim como a sua reutilização e reciclagem são essenciais para diminuirmos os impactos e as imensas quantidades de resíduos que dispomos no meio ambiente.

Cabe ainda aos engenheiros de materiais e químicos avanços tecnológicos para produção de plásticos biodegradáveis e novas alternativas mais sustentáveis. Outra solução a ser estudada é uma forma de remediar o problema e limpar os oceanos sem agrediar a vida marinha. Acredito que o século XX foi uma época de muito desenvolvimento, mas causou um imenso impacto na Terra. O desafio do século XXI será reparar estes danos e desenvolver tecnologias mais eficientes para preservar o meio ambiente.

Espero que tenham gostado do post, e gostaria de indicar a reportagem da Globo abaixo, falando sobre essas ilhas de lixo que estão presentes nos nossos oceanos.

Até Mais!




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